sexta-feira, 16 de abril de 2010

"Projeto Agentes de Leitura democratiza acesso ao livro"

"Projeto Agentes de Leitura democratiza acesso ao livro"


Diário do Nordeste - 12/04/2010





Para Fabiano dos Santos Piúba, diretor do Livro, Leitura e Literatura, do Ministério da Cultura, o programa Agentes de Leitura, criado no Estado do Ceará, beneficia os dois lados: os próprios agentes e as famílias visitadas. "Por isso ele foi incluído nas linhas programáticas do Governo Federal", ressalta ele, que também destaca o investimento do governo Lula na criação do PNLL. "Em 2003, o Brasil investia menos de R$ 6 milhões nessa área. Hoje, são mais de 100 milhões ao ano com políticas voltadas para o Livro e para a Leitura."
O Ceará foi pioneiro no projeto Agentes da Leitura. Hoje, a iniciativa foi estendida para 15 estados brasileiros, tornando-se política pública em nível federal. A que se deve esse sucesso?

Vale registrar que também o Programa de Saúde da Família (PSF) surgiu no Ceará. Ambos atuam como estratégias de cidadania. A seleção traz a oportunidade de uma formação continuada e cria ambientes favoráveis nas comunidades para a formação leitora. O projeto foi criado em 2005 pela Secretaria da Cultura do Ceará (Secult). Em julho de 2007, foi incluído nas linhas programáticas do Mais Cultura, Programa do Governo Federal, criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ex-ministro Gilberto Gil, que tem como diretrizes a democratização do acesso aos bens e serviços culturais, a qualificação dos ambientes sociais e urbanos e a geração de emprego e renda. A iniciativa dos Agentes da Leitura foi reconhecida porque democratiza, de fato, o acesso ao LIVRO e beneficia tanto os agentes como todas as famílias envolvidas.
Como acontece o acompanhamento dos agentes? Que resultados já podem ser apontados?
A ação não é só inicial, existe todo um processo de formação, com oficinas de criação literária, capacitação após a seleção, além da distribuição do material. No começo de 2010, serão formados cerca de três mil agentes em dez estados por meio de um curso, que ficará a cargo da Cátedra de Leitura Unesco, na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Posteriormente, esses agentes poderão formar multiplicadores. Os editais devem sair entre abril e maio. No que diz respeito aos resultados, em primeiro lugar, as famílias atendidas melhoraram o rendimento escolar. Além disso, é iniciado todo um processo de inclusão social e cidadania cultural dentro das comunidades. Tanto para agentes como para famílias, que começam a fazer uso deste bem cultural tão rico que é o livro. Outros resultados serão apresentados num levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2010 e 2011. Serão avaliados os impactos que Agentes de Leitura e Pontos de Cultura causaram na educação e no repertório cultural dos atendidos.
Você acredita que o projeto interfere nos indicadores sociais de desenvolvimento?
Certamente as políticas públicas voltadas para o acesso à leitura e a Cultura influenciam nos Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs) brasileiro e numa sensível melhoria na educação básica.
Sabemos que os editais são formas de tornar mais simples a distribuição de subsídios diretos. Como você avalia a distribuição de recursos no Programa Agentes de Leitura?
Existe uma dívida histórica com a leitura no Brasil. Mas essa realidade vem mudando. Monteiro Lobato dizia que um país se faz com homens e livros, acrescento que uma nação se faz com homens, livros, mulheres, crianças e leitura. Para se ter uma ideia, o Governo Federal distribuiu, entre 2002 e 2003 pelo Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), um investimento que não passava de R$ 6 milhões. Hoje, já são investidos mais de 100 milhões ao ano com políticas voltadas para o Livro e para a Leitura. Os editais são simples, exigem conclusão do Ensino Médio, idade entre 18 e 29 anos e comprovante de endereço. Depois são avaliadas as habilidades em interpretação de texto, produção e fluência na leitura.