domingo, 21 de fevereiro de 2010

Casas de garrafas pet são ecologicamente corretas

Estive conversando com algumas pessoas  sobre o projeto troque plástico por livros, que é um sucesso e em breve terá sua versão em São Paulo, quem sabe lá ele será reconhecido e terá o apoio que não tive. Acontece que o plástico é retirado da natureza e vai para a reciclagem, ótimo, excelente, magnifico, e depois? só retardamos a sua volta e também deixamos de produzir novos recipientes, já é alguma coisa, mas, se dessemos um fim mais nobre a esse vilão que está envenenando os nosso rios, mares e etc.
Na revista Carta Capital da semana passada, em artigo assinado pelo economista Delfin Neto, que também é Deputado Federal, uma pequena amostra do brutal estrago que os plástico estão fazendo com o nosso planeta, segundo o artigo, a maioria dos peixes que cosumimos estariam envenenados pelos plástico, veja em nosso blog, postagens anteriores um video que o fantástico da rede globo exibiu sobre a poluição dos plástico nos oceanos.
Pensando em dar um fim nobre a esse vilão, estou colocando a disposição de Arquitetos, Engenheiros, Ecologistas, ONGS, Governos Estaduais, Municipais, Federal, etc, 5.000m2 de área na Cidade de São Luis - MA, Brasil, de minha propriedade para fazermos o piloto de um projeto que em parceria com a Caixa Economica federal construirá casas com as garrafas pet recolhidas no projeto.
Em nosso blog já temos umas fotos de umas casas feitas com garrafas pet, mas tentei entrar em contato com a autora do projeto e não recebi resposta.
Projetos e propostas concretas serão analizadas e as mais viáveis serão submetidas a apreciação da CEF.
enviem para: arteiromuniz@uol.com.br

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Texto: Literatura e noticia ( ZIRALDO)


Realmente a coisa está preta. Dei uma olhada na lista dos livros de ficção mais vendidos do O Globo e entre os dez mais não figura sequer um brasileiro. Tudoblockbuster americano.

Será que os autores brasileiros modernos não conseguem mais contar histórias que comovam e envolvam o leitor? Será que ninguém, entre nós, escreve aqueles livros que a gente não consegue parar de ler nem comendo? Não tem mais, entre nós, gente contando história boa de ler? Estou achando que nossos contadores de história em potencial foram para a televisão ganhar dinheiro e os autores que nos restam querem é fazer livros destinados à Grande Literatura, que ninguém lê. É verdade que elas dão prêmios(!), elogios e um pouquinho de resenha, mas grande cobertura é difícil. No Prosa e Verso de sábado 6 de fevereiro, por exemplo, a grande entrevista é com o escritor americano William Kennedy, premiado pelo Pulitzer, autor de 18 livros de Grande Literatura que nunca entraram numa lista dos mais vendidos no Brasil. Que importância ele tem para nós, colonizados eternos?

Acho importante ir a Albany, nos Estados Unidos, visitar o William, o cara é bom mesmo, tudo que ele disse na entrevista tem tudo a ver conosco, tudo a ver com o que estamos produzindo, com o que estamos lendo (sem ponto de ironia). Outra matéria de destaque é com Tomás Martínez, importante escritor argentino (os suplementos literários da imprensa argentina, praticamente, só cuidam de literatura argentina), falecido recentemente.

Mas, voltemos ao Prosa e Verso. Mais um destaque na página. Ali está Meg Cabot, para nós, uma recente descoberta americana quase tão importante quanto a da Thalita Rebouças, numa alentada nota com foto. Estou vindo de trás para diante e na página 3, descubro que a página inteira é sobre John Fante. Vocês sabem quem ele é? Estão interessado em todas as informações sobre ele?

Oba! Na página 2 há uma matéria de interesse para nós: um grande artigo sobre um autor negro – helás! – chamado Dany Laferrière. Haitiano, tudo bem. A matéria principal da edição de sábado é, exatamente, sobre a literatura do país que a natureza insiste em destruir, competindo com os seres humanos que o habitam. Vamos precisar de alguma tragédia – nova! – aqui pra que nossa literatura atual tenha alguma importância para nossa imprensa especializada

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Como (não) formar leitor (Artigo)

Como (não) formar leitor (Artigo)


Por que o brasileiro só lê um livro por ano, enquanto o americano e o europeu leem sete, oito vezes mais? Por que existem no país mais de 70 milhões de pessoas que não leem? Há várias respostas para explicar o fenômeno: baixo nível cultural de um povo com 21 milhões de analfabetos, poder aquisitivo insuficiente, falta de hábito, concorrência da televisão e da internet. Esta semana tomei conhecimento de outro fator, que é mais grave do que os outros, pois deveria ser instrumento de atração de leitores e é, ao contrário, de afastamento. Refiro-me ao aprendizado da leitura nas escolas de nível médio.

Um amigo, pai de um aluno do segundo ano, adolescente, mandou-me uma lista dos livros que o filho deverá ler neste semestre. Quem sabe eu não teria um ou outro para emprestar? Não vou citar a relação completa para não entediá-los. Eis alguns: "Senhora" e "Iracema", de José de Alencar; "O cortiço", de Aluisio de Azevedo; "Memórias de um sargento de milícias", de Manoel Antonio de Almeida; "Recordações do escrivão Isaías Caminha", de Lima Barreto; "Memórias póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis; "Memórias sentimentais de João Miramar", de Oswald de Andrade (esqueci de perguntar se o curso era de memorialística).

Não vou entrar no mérito de uma seleção que mistura um clássico como "Brás Cubas" com obras de discutível qualidade estética ou literariamente datadas, como "Senhora" e "Iracema". O que eu me pergunto é se a melhor maneira de iniciar um jovem na leitura é forçando-o, por exemplo, a digerir a história de amor da índiazinha virgem dos cabelos negros, se hoje até o ministro Edison Lobão tem os seus "mais negros do que a asa da graúna".

Experimente tirar seu filho da frente do computador oferecendo-lhe um texto assim: "Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do guará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste. A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome." Antes que me acusem de desprezar estilos e valores de época, esclareço que implico é com essa maneira inadequada de se levar um aluno de 15, 16 anos ao prazer da leitura. Comigo, no ginásio, me fizeram odiar os Lusíadas ao me obrigarem a "análises lógicas" em que eu deveria procurar o sujeito oculto de uma frase, como se fosse um detetive. Só mais tarde, na faculdade, e graças à professora Cleonice Berardinelli, descobri a beleza que havia no magistral épico de Camões. Para o gosto de um jovem de hoje, diante de tantos apelos audiovisuais, não seria mais palatável, como começo de conversa, um Rubem Braga ou um Fernando Sabino?

Zuenir Ventura é jornalista e escritor , colunista do jornal O Globo e da revista Época.