quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Livraria troca plástico por livros

Sou livreiro há mais de 15 anos e já fazemos algumas ações em favor do meio ambiente,

tais como trocar sacola de plástico por papelão (mesmo sendo bastante cara) e incentivar
a coleta seletiva do plástico. Agora estamos trabalhando e saindo na frente com uma proposta
de lei que está sendo discutida na Câmara de Vereadores de Imperatriz (MA) que
obriga todos os estabelecimentos comerciais a trocarem as sacolas de plástico por papelão
(lei que deveria ser colocada em prática em todas as cidades brasileiras).
Através da LIVRARIA ATENAS, estamos fazendo uma campanha juntamente com a Universidade
Federal do Maranhão, mais precisamente com o apoio do curso de Comunicação
Social, na qual queremos envolver todos os segmentos da sociedade com o objetivo de
trocar 20 objetos de plástico, tais como recipiente de xampu vazio, garrafa de plástico de
água mineral, de refrigerantes, etc., por livros.
Serão, em princípio, 1.000 livros — infantis, de filosofia, romances, auto- ajuda, dentre
outros. Estimamos com essa campanha recolher 20.000 recipientes plásticos que se encontram
poluindo nossa cidade. E também estimular outras empresas a fazerem o mesmo,
para que tenhamos em breve uma cidade e um país com menos plástico nos lixões.
Curiosidade: o plástico leva pelo menos 500 a 600 anos para se decompor. O escritor
Rubem Alves, em seu premiado livro
Ostra feliz não faz pérolas, num capítulo em que tratada educação, o tema é lixo e cocôs. Ele diz que “Faz-se um cálculo que cada pessoa da Terra produz em media um quilo de lixo por dia. Temos seis bilhões de habitantes. O que quer dizer seis bilhões de quilos por dia. Seis bilhões de quilos são seis milhões de toneladas. Multipliquem por 365, número de dias do ano. O resultado será a quantidade de lixo que
lançamos na Terra por ano. Uma montanha do tamanho do Himalaia. Há dois tipos de lixo:
os biodegradáveis e os que não biodegradáveis. Lixo biodegradável é aquele que pode ser transformado em alimento para a terra. A terra funciona como um estômago: ela digere esse tipo de lixo e o lixo se transforma em adubo. Lixos não biodegradáveis são aqueles que a terra não digere. Vidros, todos os tipos de plásticos, pneus, metais etc. De volta à terra, esse lixo fica indefinidamente. Esse lixo a terra não consegue transformar. Fica depositado na terra, envenenando-a. Que fazer com ele? A solução é reciclar. Reciclar é transformar esse lixo para que ele seja usado de novo e não volte para o estômago da terra”.
Que sábio o Rubem Alves. Imaginemos se Pedro Álvares Cabral, há 500 anos, tivesse
plástico em sua bagagem e, por um descuido, deixasse-o cair em solo brasileiro. Até hoje esse plástico estaria poluindo nosso solo, isto é, não teria se decomposto.
O plástico recolhido nessa campanha será destinado à associação de catadores da cidade,
ajudando os catadores na sua árdua tarefa de separar o lixo nos lixões. Em nossa cidade, nem aterro sanitário temos.



José Arteiro Muniz, livreiro apaixonado por livros e pela natureza









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